Do Real Madrid ao banco do Cruzeiro, Lucas Silva emperra em tática de Mano

ENRICO BRUNO E THIAGO FERNANDES

BELO HORIZONTE, MG (UOL/FOLHAPRESS) - O início de carreira de Lucas Silva deu indícios de que ele poderia decolar no mundo do futebol. Pilar do Cruzeiro bicampeão brasileiro, cogitado para a seleção brasileira que venceu os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro e negociado para o Real Madrid aos 22 anos. Dois anos após a ida para o Santiago Bernabéu, no entanto, o volante amarga a reserva do time que o revelou e é tido como a quarta opção de Mano Menezes para a posição que ocupa.

Muita coisa mudou na carreira do meio-campista entre a venda que movimentou 15 milhões de euros (R$ 45 milhões à época) e o seu retorno à Toca da Raposa II. No início da passagem pela capital espanhola, o atleta até teve algumas chances sob a batuta de Carlo Ancelotti, mas perdeu espaço e acabou emprestado ao Olympique de Marselha, da França. As chances em território francês foram ainda menores. Não à toa, ele retornou à Espanha ao término do contrato.

De volta ao Real Madrid em julho do ano passado, teve o empréstimo para o Sporting, de Portugal, anunciado, mas foi reprovado pelo clube lisboeta nos exames médicos. Uma das avaliações detectou irregularidade em seus batimentos cardíacos. O problema não o impediu de seguir na carreira, e após três meses de treinamentos sob o comando de Zinedine Zidane ele retornou ao Brasil por empréstimo para defender novamente o Cruzeiro.

A volta ao Brasil tinha objetivos claros: dar continuidade ao futebol apresentado nas conquistas de duas edições do Campeonato Brasileiro e alcançar um espaço na seleção brasileira, aproveitando o fato de Tite ser um de seus admiradores.

"Quando eu soube do interesse do Cruzeiro, não tive outro pensamento: optei por retornar ao futebol brasileiro e ao Cruzeiro. Aqui tenho a temporada toda para jogar. Meu objetivo no momento é jogar e, consequentemente, ter um espaço na seleção. Não é um recomeço, mas uma continuidade. Lá, fui titular na Champions, joguei Liga Europa, Campeonato Espanhol. Vi como uma boa experiência, por ter passado por grandes momentos. Aprendi também nos momentos adversos", comentou à época.

Só que os planos até o momento foram frustrados. O volante de 24 anos não consegue obter uma sequência de jogos no time de Mano Menezes. Pelo contrário. Entre a apresentação, ocorrida em 3 de fevereiro, e este sábado (27), Lucas Silva disputou 12 partidas, sendo oito na condição de reserva. Para piorar a situação, o meio-campista completou apenas dois dos quatro compromissos entre os prediletos do treinador.

O que intriga quem acompanhou o início de carreira do atleta é saber como ele deixou o posto de incontestável na equipe comandada por Marcelo Oliveira para se tornar a quarta opção do elenco entre os volantes, atrás de Henrique, Ariel Cabral e Hudson. A resposta parece simples nos bastidores da Toca da Raposa II, conforme apurado pela reportagem.

Mano Menezes prefere atletas que deem mais combate no setor de marcação do meio de campo. Henrique, Hudson e Ariel Cabral, inclusive, são destaques pelos números de desarmes apresentados nesta temporada. Internamente, o técnico já manifestou sua avaliação ao próprio Lucas Silva. Disse ao volante que ele pode evoluir caso tenha mais atenção na marcação.

Mesmo com pouco prestígio em seu retorno ao Cruzeiro, Lucas Silva segue popular com Tite, técnico da Seleção Brasileira. O selecionador já demonstrou apreço pelo jogador e o acompanhou a fim de convocá-lo novamente. Todavia, a pouca presença impede que o meio-campista chegue à equipe nacional.

Neste domingo (28), no jogo diante do Santos, pela terceira rodada do Campeonato Brasileiro, Lucas deverá permanecer fora do time titular mesmo se Mano Menezes optar por uma tática com três volantes, conforme desenhou no treino de quinta-feira (25). Os escolhidos seriam Hudson, Henrique e Ariel Cabral, prediletos do treinador para o setor.