BERNARDO GENTILE E PEDRO IVO ALMEIDA
RIO DE JANEIRO, RJ (UOL/FOLHAPRESS) - Centro de uma polêmica por conta da demora nas obras da Arena da Ilha, o problemático rio que passa sob as arquibancadas do estádio não chega a ser um fato novo para os clubes que alugaram o campo da Portuguesa. O Botafogo, que utilizou o local em 2016, sabia da existência do córrego, mas entendeu que o mesmo não lhe traria problemas e rechaçou qualquer obra na ocasião. Atualmente, ele atrapalha o Flamengo, que pretende usar o local.
O episódio veio à tona nesta quinta-feira (6). Inicialmente, a ideia do clube rubro-negro era ter o estádio apto para treinos na segunda quinzena de fevereiro e pronto para a estreia no dia 8 de março. A descoberta do buraco, no entanto, deve atrasar esse cronograma em dois meses.
Segundo pessoas ligadas ao Botafogo e à administração do estádio, o piso, que poderia ceder em função da instabilidade do solo na região, suportaria o peso da então arquibancada botafoguense menor que a atual, construída pelo Flamengo.
Ainda assim, o clube alvinegro se prontificou a reparar, por precaução, o lugar. Para isso, no entanto, solicitaram que a Portuguesa abatesse parte do aluguel que era pago. Sem acordo para redução e valores, a obra não ocorreu.
Quando assumiu o estádio, o Flamengo ampliou a arquibancada local e, ao perfurar o solo para instalar um poste de iluminação, verificou a necessidade de reparos. Questionado pela demora na obra, a diretoria atacou o Botafogo, que não teria informado os problemas. Os botafoguenses não aceitaram as críticas e elevaram o tom na resposta.
"O Botafogo não tem absolutamente nada a ver com a obra do Flamengo, que aluga o estádio da Portuguesa. Em 2016, fizemos um projeto para a Arena do Botafogo e obras que eram necessárias para que a arquibancada fosse construída com total segurança. Temos todos os laudos e tranquilidade total sobre o assunto", argumentou o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira.
O Flamengo, por sua vez, acusa o Botafogo de "esconder" o problema. "Eles sabiam do problema! Nós soubemos em fevereiro e daí em diante estamos tomando todas as medidas para resolver, coisa que eles não fizeram. Quem é responsável e honesto resolve o problema! Quem é irresponsável e desonesto, esconde, não resolve e lida com coisa séria fazendo graça", atacou o vice-presidente administrativo do Rubro-negro, Rafael Strauch, no Twitter.
Mais ponderado e evitando brigas, o vice de patrimônio do Flamengo, Alexandre Wrobel, explicou o estágio atual da obra. "A obra que está sendo realizada desde então e está em vias de ser finalizada. A nossa expectativa é que nos próximos 15 dias essa obra seja concluída e que o estádio passe por todas as vistorias. O Flamengo não tem absolutamente nada a esconder, está absolutamente ciente da sua responsabilidade e tem agido assim desde então", concluiu.
INTERPELAÇÃO CRIMINAL
O vice-presidente jurídico do Botafogo, Domingos Fleury, afirmou que, nos próximos dias, o clube irá questionar, diante da Justiça, as acusações de Rafael Strauch.
"Vamos entrar com interpelação criminal contra esse dirigente do Flamengo [Rafael Satrauch]. Ele terá que provar o que falou. Se conseguir provar, tudo certo. Se não tiver provas, será processado por injúria e difamação. Tudo já está sendo montado e ele responderá tudo isso em breve", explicou Fleury ao UOL Esporte.
Já o presidente do Botafogo, Carlos Eduardo Pereira, lastimou toda a situação e, claro, as declarações de Strauch. "Lamentavelmente um dirigente do Flamengo falou sobre algo que não sabia e terá que provar o que falou. O caso já está com o departamento jurídico para serem tomadas as medidas cabíveis", finalizou.
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