ALEX SABINO E GUILHERME SETO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Após acordo com antigos aliados, Roberto de Andrade continuará como presidente do Corinthians. Em reunião de conselheiros do clube nesta segunda-feira (20), no Parque São Jorge, foi decidido que a acusação de que ele teria assinado atas de reuniões com a Odebrecht sobre a Arena antes que tivesse assumido o cargo em fevereiro de 2015 não era motivo para que ele fosse afastado do cargo. Ele nega a acusação.
Antes da votação sobre a permanência ou não de Roberto, foi votado o mérito da acusação. Nesse pleito, a denúncia foi considerada insuficiente como fundamentação para a decisão sobre o impeachment do presidente por 183 votos a 81 -houve ainda um nulo e um branco. A oposição saiu da reunião prometendo contestar a votação na Justiça.
Em encontro realizado horas antes da reunião do conselho deliberativo, Andrade concordou em mudar a forma de administrar o clube, descentralizando o poder e distribuindo cargos a aliados. O pedido foi feito por integrantes da chapa "Renovação e Transparência, que administra o Corinthians há dez anos e que é encabeçada por Andrés Sanchez. O deputado federal (PT) já havia tentado o mesmo acordo há cerca de um mês e Andrade havia recusado.
A vitória de Andrade no conselho se deu por maioria simples, ou seja, mais da metade dos conselheiros presentes decidiram favoravelmente ao presidente do Corinthians.
Entre conselheiros, era consenso que a questão das assinaturas era apenas um álibi para derrubar Andrade. Alguns opositores o criticam pelo endividamento crescente do clube, pela falta de transparência na gestão e pelo envolvimento contínuo em escândalos. O mais recente deles se refere a contrato com a empresa Omni para exploração comercial do estacionamento da Arena. O contrato é visto como benéfico à empresa, que nunca havia administrado um estacionamento, não tinha licença para a prática e, como revelou a revista "Época", terceirizou as atividades para a empresa Sigma Park.
A manutenção de Andrade no cargo passou pelo apoio de Andrés Sanchez, que segue como o cartola mais influente no clube. O ex-presidente mobilizou o grupo de conselheiros que lidera para decidir pela manutenção de Andrade no cargo. Sanchez exerce forte influência na atual gestão e consegue passar com facilidade os projetos que defende.
A insatisfação dos conselheiros de variadas posições no espectro político do clube, no entanto, pode originar novo pedido de abertura de processo de impeachment contra Andrade. Críticos do presidente comentam sobre a possibilidade de utilizar as supostas irregularidades no contrato entre Corinthians e Omni para embasar o pedido. Além disso, as contas da gestão de Andrade já foram rejeitadas pelo conselho deliberativo três vezes, e mais uma votação está marcada para daqui a cerca de dois meses. Nova reprovação também pode servir de justificativa para início de um processo de impeachment.
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