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Artilheira do Paulista diz que futebol feminino na Argentina é muito pior

GUILHERME SETO E LUIZ COSENZO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A artilheira do Paulista feminino nasceu há 27 anos e fora do Brasil. Oriunda de Buenos Aires e criada na província argentina de Entre Ríos, Florencia Soledad Jaimes, do Santos, marcou 16 gols em

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 29.08.2016, 12:21:29 Editado em 29.08.2016, 12:25:09
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GUILHERME SETO E LUIZ COSENZO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A artilheira do Paulista feminino nasceu há 27 anos e fora do Brasil. Oriunda de Buenos Aires e criada na província argentina de Entre Ríos, Florencia Soledad Jaimes, do Santos, marcou 16 gols em 18 jogos e foi a principal jogadora de sua equipe na campanha do vice-campeonato.

No entanto, apenas algumas centenas de torcedores pegaram ingressos gratuitos para acompanhar os jogos decisivos entre Santos e Rio Preto na Vila Belmiro e no estádio Anísio Haddad, onde após o empate por 0 a 0 e a vitória por 1 a 0 a equipe do interior conquistou o título pela primeira vez em sua história.

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Conhecida pelo apelido de Sole, a atacante chama atenção pelo porte físico (quase 1,80m) e pela qualidade das finalizações. Tendo disputado torneios marcados por estádios vazios e tendo passado por clubes brasileiros com problemas financeiros e estruturais, ela relativiza o que é frequentemente visto como o drama da modalidade no país.

"Eu falo: sofri muito para chegar onde estou, porque minha família é muito humilde. Tive somente o suficiente para comer. Sempre digo para as meninas que talvez para elas o Brasil dê pouco, ou mesmo para vocês pareça pouco, diante das realidades que vocês enxergam do país, mas para mim, que tive uma vida bastante sofrida, recebo um valor bom para me manter", explica.

No Santos, segundo a Folha apurou, o teto salarial é de R$ 4 mil, com o diferencial do pagamento de todos os direitos trabalhistas (no futebol feminino, vários times não pagam esses direitos para as jogadoras).

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Em sua terra natal, Sole passou pelas duas equipes mais conhecidas, Boca Juniors e River Plate. No entanto, ela conta que sua carreira só foi possível devido à bolsa que recebe há anos por fazer parte da seleção argentina.

"Sou 'bostera' [torcedora do Boca] de corpo e alma. Lá eu recebia bem menos do que aqui, e ainda assim tinha uma das melhores estruturas da Argentina. Eles davam prêmios quando éramos campeãs. Além disso, davam chuteiras, tênis, uniforme, tudo da Nike, então não precisávamos nos preocupar de comprar chuteiras. Até porque se tivesse que comprar, com o que eu ganhava, não conseguiria ir aos treinos o mês todo", explica, acrescentando que as jogadoras sem bolsa costumavam estudar, trabalhar e treinar.

Sole afirma que sofreu com atrasos de salário no Foz e no São Paulo, times brasileiros pelos quais jogou em 2015. Mesmo assim, ela acredita que a superioridade econômica do futebol brasileiro gera uma diferença técnica em relação à Argentina, e que aqui ela tem aprimorado suas qualidades.

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"Sem apoio econômico, falta preparo físico às argentinas. Então, o nível cai muito quando o cansaço chega no final das partidas. O futebol brasileiro é muito diferente, e por isso acredito que estou vivendo meu melhor momento na carreira. Na Argentina, eu também era artilheira, mas aqui é muito mais difícil".

Duas potências movem o futebol de Sole: as lembranças da infância em Entre Ríos, para onde ela volta para visitar sua mãe, e o carinho dos irmãos -dois boxeadores, uma dançarina e, especialmente, Diego, ciclista que morreu em 2012 após uma pneumonia.

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"Eu jogava futebol todos os dias na rua, voltava para casa só para dormir. Não havia nada de futebol feminino nessa época, então sempre joguei com meninos. Meus irmãos eram muito provocados, diziam que eu era melhor que eles, e me escolhiam antes nos jogos e os deixavam por último", brinca Sole.

"Não foram poucas as vezes que pensei em largar tudo e voltar para Entre Ríos, viver em paz. O futebol feminino é muito difícil. Mas minha família não deixou. Eles me apoiam muito, não me deixam cair".

Em uma das panturrilhas, Sole tem a tatuagem de uma tartaruga sobre uma bicicleta, uma homenagem a Diego.

"Fico pensando onde ele estaria em sua carreira no ciclismo hoje, e acredito que estaria orgulhoso de mim, de me ver onde estou. Na tatuagem, está escrito 'como eu gostaria de poder voltar o tempo, te dar um abraço e não soltar mais'. Ele é uma presença constante", conta, com os olhos marejados.

Sole não se abate com as dificuldades do jogo. Para ela, o futebol feminino está perto de dar o salto que o colocará nos holofotes. Só falta o esforço por parte dos demais clubes.

"Os outros times precisam fazer algo mais para que o futebol feminino seja visto. É uma lástima que não se tenha uma cultura como a do futebol masculino, que lota estádios. Isso precisa ser criado. Infelizmente, o futebol feminino não dá nada aos clubes. Não há patrocinador nem ninguém que coloque dinheiro. O Santos que paga as jogadoras, porque não temos patrocinadores nem outra forma de trazer recursos. Mas digo às jovens jogadoras: futebol feminino é amor, e uma hora tudo se encaixa, e não vai demorar."

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