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Justiça do Rio decretou 76 prisões preventivas durante Olimpíada

GABRIEL VASCONCELOS RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em 15 dias de Olimpíada, os sete Juizados Especiais do Torcedor e Grandes Eventos espalhados pelo Rio registraram 397 ocorrências, envolvendo 508 pessoas, segundo levantamento da Justiça do Rio. O Tri

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 26.08.2016, 17:43:11 Editado em 26.08.2016, 17:45:10
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GABRIEL VASCONCELOS

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - Em 15 dias de Olimpíada, os sete Juizados Especiais do Torcedor e Grandes Eventos espalhados pelo Rio registraram 397 ocorrências, envolvendo 508 pessoas, segundo levantamento da Justiça do Rio.

O Tribunal de Justiça decretou 76 prisões preventivas durante os Jogos. Os detidos foram, em sua maioria, cambistas e desviantes de ingresso.

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No topo das estatísticas, a venda ilegal de ingressos contabiliza 182 casos, a maioria no Parque Olímpico da Barra (111).

Vendidos acima do preço da tabela, parte dos bilhetes era desviada por pessoas que tinham algum acesso à organização dos Jogos (38 ocorrências) e entregue para empresas ou cambistas comuns, que faziam a venda direta.

O caso mais significativo é o da empresa THG Sports, que vendia ilegalmente ingressos destinados a comitês de oito países por até US$ 8.000 (cerca de R$ 25 mil).

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Um dos desviantes era o presidente do Comitê Olímpico Irlandês, Patrick Hickey, 71. Ele está preso há mais de uma semana na penitenciária de Bangu 10.

Também chamou atenção uma rede de cambismo envolvendo 35 pessoas, que ainda está sendo investigada.

"O restante é o que chamo de formiguinhas, muita gente que agia individualmente", disse o juiz Marcello Rubioli, um dos coordenadores dos juizados.

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Como exemplo, ele conta que deu ordem de prisão a um norueguês fantasiado de viking que tentava vender 30 ingressos dentro do Parque Olímpico da Barra e levava R$ 5.000 em espécie. Indiciado, o homem pagou R$ 8.000 e foi liberado.

Segundo Rubioli, as multas aplicadas ficaram entre R$ 5 mil e R$ 10 mil. A arrecadação superou os R$ 200 mil e o valor foi repassado a instituições de caridade na forma de benfeitorias ou produtos de primeira necessidade.

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"Fizemos isso para os envolvidos não se sentirem extorquidos, para que não pensem que se trata de uma estratégia de arrecadação", disse.

Questionado sobre os valores, o juiz explicou que o critério das decisões foi a repercussão das ocorrências, que influi no caráter exemplificativo da pena.

Por isso, o nadador americano James Feigen teve de pagar R$ 35 mil pelo crime de comunicação falsa, no caso do suposto assalto aos quatro atletas dos EUA. O valor foi considerado baixo pelo Ministério Público do Rio, que recorreu e conseguiu liminar anulando a multa.

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Além do cambismo, destacaram-se 18 casos de desacato e 13 ocorrências de falsificação, geralmente envolvendo credenciais.

Quase todos os casos de desrespeito aconteceram com policiais da Força Nacional. Mas, pelo menos uma vez, envolveu um funcionário da Rio-2016, quando um turista australiano cuspiu no rosto de um voluntário e foi preso.

Em outra situação, o pai de um competidor australiano não aceitou a revista e jogou a bolsa em um agente da Força, sendo detido. O homem foi condenado a pagar multa de R$ 7.500 e acabou tendo o passaporte recolhido quando tentava sair do país pelo Recife.

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Na avaliação do desembargador Mauro Martins, responsável pelo funcionamento dos juizados, as ações passaram "um sentimento de segurança para quem ia aos estádios e mesmo para atletas e funcionários".

"Em dado momento, tivemos claro que o público sabia da existência dos juizados, para recorrer ou fazer denúncias", afirmou.

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Segundo Martins, o que mais causou espécie foram os casos de assédio sexual dentro de instalações olímpicas, envolvendo atletas e funcionários.

"Ali era o último lugar onde poderíamos esperar esse tipo de coisa. Na verdade, isso denuncia o tipo de expectativa de alguns atletas com relação ao Brasil", disse.

Logo na primeira semana dos Jogos, os boxeadores Joas Junius, 22, da Namíbia, e Hassan Saada, 22, do Marrocos, foram denunciados pelo crime de estupro após assediarem camareiras da Vila dos Atletas. Os dois respondem em liberdade e não podem deixar o país porque tiveram seus passaportes apreendidos.

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Segundo o juiz Rubioli, na maior parte das ocorrências envolvendo estrangeiros eles aceitavam a pena, mas tentavam deixar o país sem cumpri-la. Por isso, a apreensão de passaportes aconteceu algumas vezes, para além do caso dos nadadores americanos.

"Nós recolhíamos o passaporte e dávamos uma cópia autenticada do documento. Ninguém ficava totalmente sem documentação", disse.

A maior operação envolvendo postos remotos do Judiciário na história do país atuou nos dois aeroportos e em cada uma das áreas olímpicas (Barra, Deodoro, Engenhão, Maracanã e Copacabana).

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Para os Jogos Paraolímpicos, que têm menos competições, dois postos serão mantidos na Barra e no Engenhão.

INGRESSOS FALSOS

Bilhetes falsificados também foram um problema. Segundo Rafael Estrela, juiz que atuou no Maracanã, as ocorrências são de difícil resolução devido a natureza virtual da maioria das negociações.

"A qualidade dos ingressos é realmente impressionante e ainda estamos investigando com a ajuda da polícia e fazendo varreduras na internet", afirmou.

Voluntários disseram à reportagem que alguns dos bilhetes foram fabricados com papel diferente e não contavam com as marcas especiais no verso, visíveis apenas com luz especial.

Uma das vítimas foi a estudante Mariana Castro, 17, que veio com a mãe de Ribeirão Preto (SP) para assistir à final do futebol masculino entre Brasil e Alemanha.

Elas compraram dois bilhetes falsos por R$ 1.200 em um grupo de vendas do Facebook e receberam a encomenda no hotel Fasano, em Ipanema.

Ao tentarem entrar, foram barradas e policiais militares arrancaram o código de barras das entradas, para inutilizá-las. O vendedor, de nome Thales Bartoli, sumiu da rede social.

Já Aldenir Oliveira veio de Macapá e pagou R$ 2.000 em três entradas e não conseguiu entrar. Ele comprou direto com um cambista, em Copacabana.

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