O diretor Tom McCarthy, cujo filme "Spotlight" fala sobre a onda de abusos cometidos por padres pedófilos nos EUA, criticou duramente o papa Francisco neste sábado (27/02), ao ganhar os principais prêmios do Spirit Awards, considerado o Oscar do cinema independente.
O longa, que tem Mark Ruffalo, Michael Keaton e Rachel McAdams no elenco, está entre os favoritos para vencer o Oscar neste domingo (28) e compete em seis categorias.
"Ainda que a gente tenha se sentido um pouco encorajado pelas palavras do papa, ainda não vimos nenhuma ação, nada mudou realmente. Foram apenas muitas palavras", disse McCarthy à Folha de S.Paulo. "Ainda que ele pareça mais pra frente e inclusivo do que outros papas no passado, acho que todo mundo precisa ver ação."
O diretor notou que o filme foi exibido no Vaticano, mas atacou o papa por permitir a expulsão de um cidadão britânico da comissão do Vaticano criada para examinar a questão dos abusos. Peter Saunders, abusado por dois padres quando adolescente, era um crítico ferrenho da falta de ação contra padres pedófilos.
No filme, baseado numa história real sobre jornalistas de Boston que revelam o escândalo, os padres acusados são transferidos sem nenhuma punição do Vaticano.
"Realmente o papa não está mandando uma boa mensagem depois do que aconteceu com Peter Saunders. Foi um passo para trás", disse Tom McCarthy, indicado ao Oscar de 2010 pelo roteiro da animação "Up - Altas Aventuras".
"Espero que este filme continue a debater a questão, especialmente para as vítimas, e faça com que a igreja tome alguma atitude."
"Spotlight" ganhou os prêmios de melhor filme, direção e montagem no Spirit Awards.
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