ANAÏS FERNANDES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governo chinês abriu nesta sexta (18) investigação antidumping sobre as importações de carne de frango do Brasil, após a indústria local se queixar de que o país venderia produtos abaixo do valor do mercado interno.
O Brasil é o maior exportador mundial de frango, e a China é seu terceiro principal comprador, atrás de Arábia Saudita e Japão.
Em anúncio sobre a medida, o Ministério do Comércio chinês informou que o Brasil respondeu por mais de 50% da oferta de frango ao país asiático entre 2013 e 2016.
Segundo Francisco Turra, presidente da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal), o Brasil tem 20 dias para responder aos questionamentos dos chineses. "Mas algumas questões estão obscuras. A petição cita empresas que não exportam nem um quilo de carne de frango."
Segundo a ABPA, de janeiro a julho, o Brasil vendeu 226,5 mil toneladas do produto à China -destino de 9% das exportações do tipo.
Após receber a resposta, a China deve decidir se recorre ou não à OMC (Organização Mundial do Comércio). Turra diz não acreditar, porém, que o comércio será interrompido. "Não vemos com nenhum temor e estamos preparados tecnicamente para responder."
Turra diz que o Brasil "não pratica dumping no comércio de frango" com nenhum país. "O Brasil é muito competitivo, e isso, às vezes, gera confusões."
O dumping é uma prática desleal de comércio que ocorre quando uma empresa exporta um produto a preço inferior àquele cobrado no mercado interno.
Para Pedro de Camargo Neto, vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira, eventuais medidas antidumping da China seriam preocupantes e poderiam "atrapalhar muito". Mas ele diz não crer que o Brasil adote a prática.
"Não é habitual do Brasil fazer dumping de frango, e é habitual da China adotar medidas protecionistas."
DIPLOMACIA
A investigação deve ser discutida já no início da próxima semana, segundo Turra, em reunião da Cosban (Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Cooperação).
Em tom diplomático, a embaixada da China no Brasil diz que o governo chinês realizará "investigações justas" e se dispõe a manter contato com o Brasil "para os dois lados acomodarem as preocupações entre si e salvaguardarem o desenvolvimento saudável das relações comerciais bilaterais".
Em nota, o Itamaraty confirmou a investigação abeta pelo governo chinês e afirmou que o governo "vai apoiar os exportadores brasileiros no processo antidumping e buscar assegurar que as normas da OMC sejam seguidas estritamente".
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