MÁRIO CAMERA
PARIS, FRANÇA (FOLHAPRESS) - O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, comentou nesta sexta (9), em Paris, a decisão do presidente Michel Temer de adiar as reformas da Previdência e trabalhista. O ministro voltou a enfatizar que, para ele, o que importa é que as reformas passem e se um ajuste no cronograma for necessário, "tudo bem".
"O que não se pode é criar um problema artificial: tem de ser, porque senão é um problema. Não existe isso. Tenho enfatizado de que quanto mais cedo melhor, mas não vamos criar um limite artificial que não pode ser rompido", afirmou, durante encontro com a imprensa brasileira após se reunir com o ministro da Economia da França.
Meirelles lembrou que a reforma trabalhista já foi votada na comissão especial do Senado e disse que o "importante" é que as reformas continuem avançando.
Ele comentou, ainda, a declaração do deputado Beto Mansur (PRB-SP), um dos principais aliados de Temer na Câmara e que afirmou nesta quinta (8) que a reforma da Previdência "subiu no telhado" e que deve ficar "para agosto".
"Evidentemente que parlamentares têm suas opiniões diversas, mas, por exemplo, o presidente da Câmara [Rodrigo Maia - PMDB-RJ] tem dito com toda clareza que pretende colocar as reformas em votação", disse o ministro.
BANCO CENTRAL
O ministro descartou, ainda, colocar a independência do Banco Central como prioridade neste momento.
"Evidentemente que a prioridade agora é a reforma trabalhista. A segunda é a da Previdência e a terceira é a fiscal. Certamente, o Banco Central é uma medida da maior importância (...), mas não é a prioridade agora", afirmou.
A autonomia do BC, que segundo ele já funciona na prática, é pleiteada há anos -a discussão, inclusive, era corrente quando o próprio Meirelles presidiu o banco-, mas está engavetada e não tem data para sair.
"O Banco Central está tendo toda a autonomia de ação, autonomia operacional - que eu próprio tinha quando estava lá [durante o governo Lula] - está tendo agora, operando com sucesso. A inflação está caindo, o juro está caindo. É isso que interessa", disse o ministro.
Meirelles encerra nesta sexta uma visita de três dias a Paris, na qual participou da reunião ministerial da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) e teve diversos encontros com empresários, além de reuniões bilaterais.
Durante discurso no Fórum Econômico Internacional América Latina e Caribe, teve sua fala interrompida por gritos de "golpista" proferidos por uma mulher que se identificou como sendo uma militante do PT (Partido dos Trabalhadores).
Meirelles também se reuniu com o ministro da Economia da França, Bruno Le Maire. O ministro retorna a Brasília ainda nesta sexta.
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