FLAVIA LIMA E MAELI PRADO
SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A agência de classificação de risco S&P Global Ratings anunciou nesta segunda (22) que colocou a nota de crédito brasileira em revisão para possível rebaixamento nos próximos três meses.
A decisão se baseia no quadro de elevação da incerteza política.
A nota de crédito do Brasil está hoje em "BB" com perspectiva negativa, ou dois níveis abaixo do grau de investimento, o chamado "selo de bom pagador".
Um novo rebaixamento levaria a nota do Brasil para três degraus abaixo no grau de investimento.
Segundo a S&P, após recentes denúncias de corrupção contra o presidente Michel Temer, o cenário político do Brasil voltou a se complicar, e progressos consideráveis no campo fiscal e econômico em um contexto de ajuste prolongado estão sob risco.
Para a S&P, um presidente enfraquecido ou um longo ou disruptivo processo de transição enfraqueceria a capacidade de avançar nas reformas e provavelmente atrasaria a recuperação econômica.
Assim como a aprovação de políticas fiscais e econômicas mais proativas, o que poderia conduzir a um rebaixamento da nota.
"Caso confirmadas as acusações contra o presidente Temer, a capacidade para permanecer no escritório e governar efetivamente se tornaria provavelmente insustentável, colocando em movimento um processo de transição que não foi testado antes."
A S&P diz ainda que os recentes acontecimentos políticos atrasariam a capacidade da classe política avançar nas reformas no que chama de "tempo oportuno", ou seja, antes das eleições presidenciais de 2018.
REAÇÃO DO GOVERNO
Em nota, o Ministério da Fazenda afirmou que a S&P "reconhece a importância das reformas implementadas", apesar de frisar a necessidade da aprovação da nova Previdência, e que a classificação será mantida se a incerteza política for de curta duração.
"Segundo a agência, a nota de crédito poderá ser mantida em um cenário em que a incerteza política seja de curta duração e sob uma administração e equipe econômica que tenham apoio suficiente no Congresso para continuar avançando com medidas corretivas direcionadas a frear a deterioração fiscal e fortalecer as perspectivas de crescimento."
A nota afirma ainda que a pasta reafirma o compromisso com as reformas.
"O Ministério da Fazenda reafirma o seu compromisso com a recuperação da economia brasileira por meio de reformas estruturais que objetivam o equilíbrio das contas públicas, a sustentabilidade da dívida pública e a construção de novas bases para o crescimento sustentado", diz o texto.
OUTRAS AGÊNCIAS
As outras duas principais agências de risco a Fitch e a Moody's também mantêm a nota do Brasil dois níveis abaixo do grau de investimento.
A diferença é que, enquanto a Fitch segue a S&P e mantém a nota em perspectiva negativa, a Moody's revisou a perspectiva no início do ano, de negativa para estável, refletindo uma visão mais benigna sobre as expectativas para a aprovação das reformas e o desenvolvimento no campo fiscal.
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