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Congresso não quer anistiar o caixa 2, mas a corrupção, diz procurador da Lava Jato

BRUNO BENEVIDES SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As tentativas de deputados e senadores de anistiar a prática de caixa 2, na realidade, escondem o objetivo de anistiar a corrupção no país, segundo o procurador da força-tarefa da Lava Jato, Carlos Fernando dos

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 11.04.2017, 16:05:03 Editado em 11.04.2017, 16:05:06
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BRUNO BENEVIDES

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - As tentativas de deputados e senadores de anistiar a prática de caixa 2, na realidade, escondem o objetivo de anistiar a corrupção no país, segundo o procurador da força-tarefa da Lava Jato, Carlos Fernando dos Santos Lima.

"O crime de caixa 2 é pouco processado no Brasil, nem sei por que alguém quer anistiá-lo, já que é anistiado de fato. Hoje o que se está em discussão no Congresso é a anistia à corrupção", afirmou Lima nesta terça-feira (11) durante o Fórum Conformidade nos Negócios, promovido em São Paulo pela Folha de S.Paulo.

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O procurador fez eco às declarações do juiz Sérgio Moro, que disse no sábado (8) que o caixa 2 é uma ameaça à democracia.

"Caixa 2 subverte a democracia, dá mais poder a quem se aproxima do empresariado. Deveria ser um crime federal, na Justiça comum", afirmou Lima.

O advogado e professor da USP Pierpaolo Bottini também defendeu alterações na lei contra a prática durante o seminário. "Precisamos criminalizar não só quem recebe, mas também que paga o caixa 2."

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Bottini também defendeu mudanças no foro privilegiado. "Nenhuma discussão, nenhuma reforma política vai resolver os problemas do país enquanto não discutimos a prerrogativa de foro. Temos que trazer os casos para o 1º grau", afirmou.

ACORDOS

Durante sua fala de abertura no debate, o procurador Lima também disse que o tempo para empresas que querem fechar acordos com a Lava Jato está acabando.

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"Quem chegou primeiro teve um acordo melhor e quem chegar por último não vai ter acordo nenhum", afirmou.

Segundo ele, a operação mostrou quão importante ter funcionando nas empresas todos os mecanismos de controle, o chamado "compliance". "Não adianta ter uma diretoria de 'compliance' no mesmo andar da de pagamentos estruturados", disse em referência ao departamento da Odebrecht responsável pelo pagamento de propina.

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Para Luis Inácio Adams, ex-ministro da AGU (Advocacia Geral da União), a Lava Jato mostrou que o mecanismo de controle não deve se ater apenas as empresas privadas.

"Temos que pensar no 'compliance' do Estado. O jeitinho brasileiro é uma forma que a sociedade tem de lidar com o Estado. Um Estado que é incapaz de responder a uma demanda que surge da sociedade. Temos que evoluir do Estado sanção para um que esteja a serviço e cidadão", afirmou

Adams também falou sobre a dificuldade de organização dos órgãos responsáveis por fazer acordos com as empresas envolvidas em corrupção, como o acordo de leniência assinado pela Odebrecht com o Ministério Público Federal.

"Acho que o sistema contra a corrupção tem que apontar equilíbrio. Essa dificuldade de diálogo gera uma incapacidade de gerar soluções, que são simples. Está evoluindo, mas a passo de tartaruga."

Para o advogado Bottini, a longo prazo, o sistema atual pode desestimular que empresas façam novos acordos na Justiça. "O que eu faço quando meu sistema de 'compliance' identifica um ato ilícito? A lei defende que eu leve ao Ministério Público, e aí vira um problema. Porque há muitas previsões sobre leniência, com a CGU [Controladoria-Geral da União], o Cade [Conselho Administrativo de Defesa Econômica], a AGU [Advocacia-Geral da União], o TCU [Tribunal de Contas da União] e o Ministério Público. Isso gera uma brutal insegurança jurídica."

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