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BNDES muda foco para projetos com maior retorno social

LUCAS VETTORAZZO RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) divulgou nesta quinta-feira (5) mudança nas suas políticas operacionais. O banco passará a conceder empréstimos com os maiores percentuais de

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 05.01.2017, 15:25:25 Editado em 05.01.2017, 15:30:05
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LUCAS VETTORAZZO

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RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico Social) divulgou nesta quinta-feira (5) mudança nas suas políticas operacionais.

O banco passará a conceder empréstimos com os maiores percentuais de juros subsidiados para projetos de micro, pequenas e médias empresas, que sejam menos poluentes e que tenham, nas palavras da presidente Marial Silvia Marques, "retorno social maior que o retorno privado".

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Projetos que tenham previsão de maior retorno para as áreas de educação, saúde, meio ambiente e inovação terão maiores percentuais de taxa de juros subsidiadas do que projetos industriais, por exemplo, que utilizem combustíveis sujos ou que sejam para segmentos já consolidados no país.

O BNDES irá financiar até 80% de projetos com a sua taxa subsidiada, chamada TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), atualmente em 7,5% ao ano. Quanto mais inovador e menos poluente for o projeto, maior é o percentual de uso da TJLP. Micro, pequenas e médias empresas terão percentuais maiores do que grandes empresas.

A Selic, que é a taxa básica de juros da economia e é usada como base para financiamentos concedido por bancos privados, está hoje em 13,25% ao ano. O banco de fomento, portanto, tem taxa mais barata como diferencial.

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Os projetos poderão ser financiado no máximo em 80% do seu valor com a taxa mais barata em caso de micro, pequenas e médias empresas. Grande empresas poderão financiar até 60% de seus projetos, a depender das características. Os percentuais restantes, as empresas terão que buscar no mercado.

O BNDES deixará suas políticas setoriais de lado -não financiará mais setores industriais específicos. Serão características de projetos que serão levadas em conta para definir o quanto de determinado empréstimo terá percentual de taxa subsidiada.

A nova política operacional será publicada ainda nesta quinta-feira no site do BNDES. A última mudança na política operacional do banco ocorreu há nove anos.

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Projetos de saneamento, por exemplo, terão participação de até 80% em TJLP. Já térmicas a gás ou hidrelétricas, que têm grande impacto social e ambiental, o percentual passa a ser de 50% (era de 70% na política anterior).

O banco, que já havia anunciado no fim do ano passado que não financiará mais usinas térmicas a carvão, reduziu também o percentual de juros subsidiados para compra de caminhões e ônibus a diesel, por exemplo, no âmbito do Finame, programa para investimento em máquinas e equipamentos, que teve também aumento de prazo, de cinco para 10 anos.

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Grandes empresas que quiserem adquirir caminhões a diesel com financiamento do banco terão direito a utilizar apenas 50% do valor com os juros da TJLP -esse percentual cairá nos dois anos seguintes para 30% em 2019. Caso a empresa opte por adquirir caminhões híbridos, elétricos ou movidos a combustíveis limpos, o percentual de TJLP sobe para 80%.

Projetos de setores que o banco considera já consolidados serão preteridos no novo modelo. Empreendimentos de transmissão de energia, por exemplo, não serão mais financiados com a TJLP e terão que tomar financiamento com juros a preço de mercado.

Para projetos com pouca geração de emprego ou com possibilidade menor de trazer inovação haverá percentual limitado de uso da taxa de juros subsidiado.

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Se um uma varejista quiser ampliar sua rede de lojas física, por exemplo, ela não terá mais opção de usar a TJLP -terá que buscar juros de mercado. Se quiser financiar melhoria em sua capacidade logística, utilizando-se de inovação para alcançar o objetivo, poderá ter até 30% de juros subsidiados.

Não há critérios mensuráveis para a definição do quanto o projeto beneficia as áreas social e ambiental. Caberá à direção do banco avaliar o quão transformador um projeto poderá ser na hora de definir os percentuais. O banco manterá um quadro público para acompanhamento das metas dos projetos.

"O apoio a projetos financiados em TJLP estará condicionado à geração de benefícios nas dimensões econômica, social, ambiental e regional", explica o material divulgado pelo banco sobre a nova política.

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"Estamos fazendo transição bastante forte no modelo operacional. Concessões de financiamento passarão a ter foco no tipo de projeto, e não no setor em que está inserido. Estamos partindo para dar incentivo horizontal para todos os setores. Projetos de inovação, na indústria química ou no comércio, por exemplo, terão o mesmo tratamento, na TJLP, independentemente do setor em que atua", afirmou nesta quinta Maria Silvia.

ACESSO

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A nova política está muito voltada para as micro, pequenas e médias empresas. Segundo Maria Silvia, a nova administração quer que a instituição seja vista não mais como o banco da grande indústria, mas das ideias inovadoras e sustentáveis.

"O banco quer fazer esforço maior para capturar bons projetos porque hoje ele é visto como banco da grande empresa. A gente quer emprestar muito para projetos que possam fazer diferença".

O BNDES fez uma reclassificação nos valores que determinam o porte de uma empresa empresa, se é micro, pequena ou média. O banco passará a considerar no grupo das chamadas MPMEs, empresas com receita operacional bruta de até R$ 300 milhões -antes era R$ 90 milhões. O banco estima que devido à reclassificação cerca de 1.500 novas empresas poderão obter empréstimo a partir da mudança.

O banco está fazendo esforço também para oferecer linhas de empréstimo direto, sem o intermédio de um banco comercial. O BNDES não tem agência física e seus empréstimos são liberados por meio de bancos estatais e privados.

A previsão do banco é que no segundo semestre deste ano alguns empréstimos para financiar capital de giro não precisem mais do intermediário financeiro. Será criada uma plataforma on-line onde o tomador poderá, caso tenha o crédito aprovado, emitir um cartão BNDES, sem necessidade de fazer o trâmite em um banco comercial.

O banco também reduziu a necessidade de garantias reais para a concessão de crédito. Poderão ser utilizados, por exemplo, recebíveis como garantia para empréstimos. O uso do FGI (Fundo Garantidor de Investimento) será ampliado para as micro e pequenas empresas.

"Uma grande varejista, por exemplo, geralmente aluga lojas físicas e não tem esse patrimônio para dar como garantia em um empréstimo. Nesses casos, ela poderá usar recebíveis como a receita futura de cartão de crédito, como garantia. É uma forma de simplificar o processo", disse.

O BNDES reduziu também a quantidade de linhas e programas, de cerca de 100 para 50. Segundo o banco, não houve extinção de linhas. Elas apenas foram acopladas a novas diretrizes.

"As empresas que se enquadravam, por exemplo, no BNDES Prófarma, para área farmacêutica, passam a responder aos critérios de inovação e retorno social do novo modelo. Se se enquadrar nesses critérios, definimos os percentuais de juros subsidiados", disse a diretora de Indústria e Serviços, Cláudia Prates.

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