LUCAS VETTORAZZO
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - A inflação oficial do país avançou 0,18% em novembro, desacelerando em relação a outubro, divulgou o IBGE na manhã desta sexta-feira (9). Foi a menor alta para o mês desde 1998.
O indicador havia registrado alta de 0,26% em outubro. Em setembro, a ligeira alta de 0,08% chegou a gerar expectativas de que a inflação dava início ali a um movimento de melhora, que, no entanto, não se concretizou no mês seguinte.
O dado veio abaixo do centro de expectativas de analistas ouvidos pela agência internacional Bloomberg, que estimavam avanço de 0,27% da inflação em novembro e de 7,08% em 12 meses.
A taxa também foi a segunda mais baixa do ano, que começou com inflação alta, de 1,27% em janeiro, e veio desacelerando.
Os meses que tiveram os menores indicadores, contudo, apresentaram fortes altas logo nos meses seguintes.
Os alimentos e bebidas, que tiveram queda de 0,20% e completaram o segundo mês seguido de deflação, foram responsáveis pela taxa geral mais baixa.
Desta vez, os vilões da inflação foram os itens que compõem o grupo de saúde e cuidados pessoais, que tiveram alta de 0,57%. O item saúde sofreu impacto da alta de 1, 07% dos planos de saúde.
As despesas de casa também ficaram mais caras. O item habitação teve alta de 0,30%, com destaque para energia elétrica, que subiu 0,43%, devido à mudança do regime das bandeiras tarifárias.
O item que individualmente teve a maior alta no indicador foram as multas, com aumento de 47,82% em novembro.
A alta ocorre em reflexo a alteração do Código de Trânsito do país, ocorrido em 1º de novembro, que elevou o valor das penalidades por infrações ao volante.
ALIMENTOS
Na ponta oposta, o item alimentação e bebidas deu alívio ao bolso do consumidor, tendo registrado queda de 0,20%.
Os alimentos passaram quase todo o ano em trajetória de alta e foram os principais responsáveis para a inflação não baixar a despeito da recessão.
O item começou a ceder em outubro, período de entressafra de alguns produtos e escoamento de produção agrícola.
Secas nas regiões Norte e Nordeste e chuvas em abundância no Sul prejudicaram lavouras e pastagens, levando ao aumento de preços de itens importantes da cesta de compras do brasileiro.
O feijão carioca, em novembro, teve queda de preço da ordem de 17,52%. Apesar da forte queda, não foi suficiente para reverter a alta acumulada no ano, de 69,77%.
O leite longa vida teve queda de 7,03%. Ele tem peso importante na cesta do brasileiro e sua queda foi a que mais contribuiu para a deflação dos alimentos.
O recuo em novembro, no entanto, não foi suficiente para reverter a alta acumulada no ano de 16,83%.
Batata inglesa (-8,29%) e tomate (-15,15%) completam as maiores quedas.
PASSAGENS
O segmento de transportes teve alta de 0,28%, mas registrou quedas importantes em produtos específicos.
As duas reduções de preços nos combustíveis anunciadas pela Petrobras, em outubro e novembro, contribuíram para queda de 0,43% da gasolina.
As passagens aéreas, que chegaram a ter alta de 10% em outubro, ficaram 2,29% mais baratas em novembro.
No ano, a queda acumulada das passagens é de 24,69%, reflexo da redução da demanda, que pressiona as companhias aéreas a praticarem preços mais baixos para manter os clientes.
COMPARAÇÃO ANUAL
O dado de novembro veio bem abaixo dos 1,01% registrados em igual período do ano passado.
No acumulado deste ano, a inflação está em 5,97%, acima, portanto, do centro da meta de 4,5% do governo federal.
Nos 12 meses encerrados em novembro, a inflação avançou 6,99%.
Embora o dado tenha vindo acima do teto da meta, de 6,5%, ele foi menor do que o registrado em outubro, quando o acumulado em 12 meses havia ficado em 7,87%.
A análise mês a mês do indicador mostra trajetória decrescente desde agosto, quando esteve em 8,97%.
Em janeiro deste ano, o indicador chegou a registrar 10,71%. Os dados vinham em queda até agosto, quando registraram alta, para voltar a cair nos meses seguintes.
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