Investigação de e-mails de Hillary causa tensão; dólar sobe a R$ 3,19

EULINA OLIVEIRA

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O dólar subiu mais de 1% ante o real pela terceira sessão seguida, chegando ao patamar de R$ 3,19 nesta sexta-feira (28). O movimento foi causado por uma série de fatores, externos e internos.

Na reta final do pregão, a alta acelerou após o FBI, a polícia federal americana, ter informado ao Congresso dos EUA que está investigando novos e-mails relacionados ao caso do servidor privado usado pela atual candidata democrata à presidência, Hillary Clinton, quando ela era secretária de Estado (2009-13).

Em julho, o FBI havia dito que essa investigação estava concluída. A notícia surgiu a 11 dias da eleição presidencial americana, e causou nervosismo nos mercados. A Bolsa de Nova York, que subia, passou a cair. O Ibovespa acompanhou o movimento, mas acabou fechando em leve alta.

Investidores temem uma eventual vitória do candidato republicano, Donald Trump, considerado radical e com postura anti-mercado.

Além disso, o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA cresceu 2,9% no terceiro trimestre, acima das expectativas de analistas, o que contribuiu para fortalecer a moeda americana. O indicador reforçou as apostas de uma alta dos juros americanos em dezembro.

Na próxima quarta-feira (2), o Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) realiza reunião de política monetária, o que traz cautela aos mercados. A queda do petróleo no mercado internacional também pressionou o real.

REPATRIAÇÃO

Para analistas, o dólar também subiu porque a maior parte do fluxo da repatriação de recursos mantidos irregularmente no exterior já teria entrado no país. O prazo para a repatriação termina na próxima segunda-feira (31). Na terça-feira (25), a moeda americana caiu para R$ 3,10 com a forte entrada de dólares, mas, nos dias seguintes, recuperou terreno.

"Ainda pode ter alguma pressão para baixo [do dólar], mas o mercado não espera muito mais entrada de fluxo via repatriação", comenta José Faria Júnior, diretor-técnico da Wagner Investimentos, em relatório.

Outro motivo para a desvalorização do real é a decisão do Banco Central de não rolar os contratos de swap cambial (equivalentes à venda futura de dólares) que vencem no dia 1 de novembro. Ou seja, a autoridade monetária vai retirar cerca de US$ 2,9 bilhões do mercado.

Segundo Jefferson Rugik, diretor de câmbio da Correparti Corretora, tesourarias de bancos estão comprando dólares para recomporem suas posições e devolverem esse montante ao BC no dia 1.

Pela manhã, como tem ocorrido diariamente, o BC leiloou 5 mil contratos de swap cambial reverso (correspondentes à compra futura de dólares), no total de US$ 250 milhões.

O dólar comercial fechou em alta de 1,26%, a R$ 3,1970. Na semana, a moeda acumulou ganho de 1,04%.

No mercado de juros futuros, as taxas fecharam em leve queda, em um movimento de ajuste após as altas recentes.

BOLSA

O Ibovespa chegou a operar em alta boa parte da sessão, inverteu o sinal após a notícia da investigação dos e-mails de Hillary Clinton, mas terminou com leve ganho.

O principal índice da Bolsa paulista subiu 0,09%, aos 64.307,63 pontos, renovando mais uma vez a pontuação máxima desde abril de 2012. O giro financeiro foi de R$ 8,3 bilhões. Na semana, o índice subiu 0,31%.

As ações PNA da Usiminas lideraram as altas do índice, com ganho de 11,29%, a R$ 4,63, após a divulgação do balanço do terceiro trimestre.

Petrobras PN terminou estável, a R$ 18,09, e Petrobras PN perdeu 0,62%, a R$ 19,12. Os papéis da Vale ganharam 0,28%, a R$ 20,78 (PN), e 0,63%, a R$ 22,14 (ON).

No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 0,84%; Bradesco PN, +0,37%; Banco do Brasil ON, -1,56%; e Santander unit, +0,66%.

Em Nova York, o índice S&P 500 caiu 0,31%; o Dow Jones, -0,05%; e o Nasdaq, -0,50%.