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Estímulo às exportações da indústria fracassou, dizem especialistas

FERNANDA PERRIN SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em dez anos, a participação de manufaturados nas exportações brasileira despencou na proporção em que a de básicos disparou. Enquanto uma foi de 54,4% em 2006 para 38,1% em 2015, a outra foi de 29,2% em 2006 p

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 25.10.2016, 12:56:57 Editado em 25.10.2016, 13:00:09
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FERNANDA PERRIN

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Em dez anos, a participação de manufaturados nas exportações brasileira despencou na proporção em que a de básicos disparou.

Enquanto uma foi de 54,4% em 2006 para 38,1% em 2015, a outra foi de 29,2% em 2006 para 45,6% em 2015, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços.

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Embora fatores externos, como o boom das commodities e a valorização do real, tenham influenciado o processo, a própria indústria reconhece que a razão principal para isso é a baixa eficiência do setor em comparação com estrangeiros.

Paradoxalmente, a perda de competitividade resulta em grande medida de políticas governamentais de incentivo que acabaram por isolar o Brasil das cadeias globais, em que a produção é fragmentada em diversos países.

A tentação de concentrar os esforços no mercado doméstico, aquecido entre as crises de 2008 e 2014, também pesou na estratégia das companhias.

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Documento produzido a partir de discussões de um grupo formado por nomes como o do presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, concluiu que a Política de Desenvolvimento da Produção, de 2008, e o Plano Brasil Maior, de 2011, falharam no objetivo de aumentar a produtividade e geraram custos elevados para as indústrias produtoras de bens finais.

Isso acontece porque muitos desses incentivos e proteções foram direcionados a insumos e produtos intermediários, como a exigência de conteúdo nacional.

"Essa quantidade de incentivos acabou intoxicando a indústria. Os esforços deveriam ter sido para levantar a competitividade total da economia, melhorando a infraestrutura, investindo em educação e revisando a carga tributária, por exemplo", diz Sandra Rios, diretora do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento e uma das autoras do documento.

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Diego Bonomo, diretor de comércio exterior da CNI (Confederação Nacional da Indústria) concorda que o principal fator para a distorção na balança comercial brasileira é interno, e não externo. "Nossa competitividade está atrelada à nossa baixa produtividade", afirma.

LIBERALIZAÇÃO

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Diante desse cenário, consolida-se a visão de que aumentar a exportação de manufaturados depende de uma abertura econômica capaz de inserir o Brasil nas cadeias produtivas globais.

A ideia predominante é de que o país deve negociar essa abertura, reduzindo suas tarifas às importações e subsídios em troca de maior acesso aos mercados de parceiros.

Para críticos, porém, essa estratégia não tem funcionado —as negociações com a União Europeia, que se arrastam há anos, seriam um exemplo dessa falha.

"Mesmo que esses acordos sejam concluídos, eles resultam em compromissos de redução de tarifa que levam dez anos ou mais", diz Rios. Para ela, uma abertura unilateral também deveria ser discutida. Poucos, contudo, defendem essa estratégia.

"Uma abertura unilateral até faz sentido do ponto de vista econômico, mas você não vai permitir com que os setores nacionais compensem essa maior competitividade interna com a facilidade de entrar em outros mercados", afirma Bonomo.

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