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Queda perene de juros será 'bônus' de ajuste fiscal, dizem economistas

MARIANA CARNEIRO SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ex-integrantes do Banco Central, Gustavo Franco e Eduardo Loyo afirmaram que o ajuste nas contas do governo pode gerar uma queda permanente na taxa de juros, com redução do custo financeiro para famílias e emp

Da Redação

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Escrito por Da Redação
Publicado em 27.09.2016, 14:41:39 Editado em 27.09.2016, 14:45:12
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MARIANA CARNEIRO

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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Ex-integrantes do Banco Central, Gustavo Franco e Eduardo Loyo afirmaram que o ajuste nas contas do governo pode gerar uma queda permanente na taxa de juros, com redução do custo financeiro para famílias e empresas e valorização de ativos.

Franco, hoje sócio da gestora de investimentos Rio Bravo, afirma que a taxa de juros (hoje ao redor de 14,25% ao ano) poderia chegar a um nível próximo de 6%, ou ainda menor, em uma década. E como o mercado financeiro tende a antecipar movimentos, os efeitos positivos sobre a economia poderiam vir antes.

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Ele cita como um exemplo o avanço no valor de mercado das empresas listadas na Bolsa de Valores brasileira entre 1994 (quando foi lançado o plano real) e 2007. Ele subiu de US$ 80 bilhões para US$ 1,8 trilhão em pouco mais de uma década.

"Outra rodada de valorização pode acontecer se a taxa de juros atingir um nível mais próximo de 4%", disse Franco. "Foi desse jeito que países da periferia da Europa, como Portugal e Espanha, ficaram ricos."

Franco integrou a equipe que formulou o Plano Real e esteve à frente do BC até 1998. Loyo, que foi diretor do BC entre 2003 e 2005, durante primeiro mandato do ex-presidente Lula, afirmou que além de evitar "um desastre completo", o ajuste fiscal teria como bônus a entrega de taxas de juros baixas de maneira permanente, como o país almeja há anos sem sucesso.

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"Ainda que o temor do desastre seja um incentivo poderoso, não nos custa levar em conta que o sucesso no ajuste pode nos trazer um bônus positivo na forma de algo que nós atavicamente perseguimos e nunca conseguimos alcançar, que é normalizar o patamar da taxa de juros", disse ele.

Loyo, hoje economista-chefe do BTG Pactual, reconhece, contudo, a dificuldade de se fazer um ajuste, pois gera um efeito contracionista sobre a economia que já está em recessão. Esse efeito negativo seria, por outro lado, o propulsor da queda dos juros, disse ele.

"Se estamos diante de um ajuste fiscal duradouro, que de fato vá resolver nosso problema de desequilíbrio fiscal, e esse ajuste tenha efeito contracionista, como são esses ajustes, temos a oportunidade de agora, sim, para valer, abrir espaço para uma política monetária mais frouxa", afirmou.

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No passado recente, ressaltou o economista, a combinação foi oposta: juros altos para compensar uma frouxidão nas despesas públicas.

Para os dois economistas, a queda estrutural da taxa de juros brasileira é hoje desafio semelhante ao que foi o fim da hiperinflação nos anos 1990.

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"O Brasil ter custo de capital e de crédito barato e disponível para qualquer um poder empreender, realizar o que se quiser pode ser tão bom quanto foi o fim da inflação", disse Franco. "Este é um sonho assim como um dia foi o da estabilização."

Os dois participaram de debate organizado pelo Instituto Millenium, centro de estudos que difunde ideias liberais, em São Paulo.

Para Franco, o governo poderia usar argumentos, como a queda dos juros, para convencer a população da necessidade de ajuste.

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"Esclarecer, mostrar para a sociedade esse sonho é fundamental, para as pessoas entenderem como o progresso se obtém. Não é uma teoria, é o jeito que os outros países utilizaram para ficar ricos", disse.

NOVO FGTS

Em sua palestra, no auditório do banco de investimentos BTG Pactual, Gustavo Franco apresentou uma proposta de transformar o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador) e o FGTS em um fundo de pensão único, que poderia investir no mercado de capitais e produzir retorno superior ao que é pago pelo FGTS hoje (TR mais 3% ao ano).

A ideia de Franco é que essa poupança compulsória, formada por impostos cobrados de empresas, como o PIS, e de trabalhadores, deixe de irrigar bancos públicos, como o BNDES, que poderiam viver do retorno de seus empréstimos.

Segundo ele, esses mecanismos de poupança compulsória são anacrônicos e o uso pouco transparente desses fundos são um "convite ao mau uso".

"Faz sentido as empresas pagarem o PIS, esse dinheiro ir para o BNDES, dar uma sacudida e voltar para as empresas?", questionou.

Esse fundo de pensão sugerido por Franco divulgaria resultados em balanço, teria metas de investimento e poderia elevar os investimentos no mercado de capitais.

O argumento de que esses recursos fomentam os investimentos públicos na visão de Franco não correspondem. "Num país com taxa de juros baixas, o Brasil deixa taxa de investimentos de 16% e passa a aspirar taxas de investimentos asiáticas, mais próximas de 30%".

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