Uma coleção de livros de capa dura, com diversas páginas e volumes, distribuídas em edições que servia de única fonte de conhecimento para estudantes e pesquisadores. Para os mais velhos é tido como o Google da época, para as crianças e adolescentes da atualidade é apenas um nome, que chega a ser confundido com a equipe de futebol onde joga Neymar.
A enciclopédia Barsa marcou o conhecimento de diversas gerações, contribuindo no aprendizado dos jovens, em desenvolvimento de artigos e até mesmo no dia-a-dia. Antes peças indispensáveis, hoje em sua maioria são relegadas a artigos de decoração ou muitas vezes tratado, infelizmente, como produto de descarte e sem valor.
Em seus áureos tempos era considerada somente ao alcance das casas mais abastadas ou de colégios particulares. Uma coleção da enciclopédia chegava a custar até R$ 10 mil. Hoje, pode ser encontrada em sites e sebos por preços que partem dos R$ 50.
Criada por Dorita Barrett, herdeira da família dona Enciclopédia Britânica — coleção de livros enciclopédicos que circularam por 244 anos até o fim da edição impressa em 2012 — recebeu o nome de Barsa por uma simples combinação de sobrenome de sua idealizadora, Dorita Barrett (Bar) e seu marido, Aflredo de Almeida Sá (Sa).
Sua primeira edição foi lançada em 1964 e contou com textos de grandes nomes da comunidade intelectual brasileira, como Jorge Amado e Oscar Niemeyer.
Após quase 5 décadas se reinventou no início dos anos 2000, entrando no então quase desconhecido mundo digital. Essa nova versão continha em CDs fotos, filmes e animações 3D. Considerado inovador à época, a Barsa 2000 foi sucesso em vendas, mesmo com o preço elevado da coleção.
Como outras enciclopédias mundo afora, a Barsa foi engolida pelo Google, que viria a se torna um gigante da internet, e pelas inovações que vieram posteriormente, como o smartphone. Com a facilidade de acesso à informação literalmente na palma da mão pesquisar em livros pesados se tornou algo antiquado e ilógico.
Além da competição da Internet, a manutenção e o espaço ocupado pelos 18 volumes compostos em uma coleção contribuiu para a balança pender para o lado dos buscadores digitais.
DESCONHECIDA PELA NOVA GERAÇÃO
As crianças e adolescentes de hoje nem sequer associam o nome a enciclopédia que marcou gerações. “Meus filhos acham engraçado quando conto que a Barsa era o que tínhamos de mais moderno para pesquisas na escola”, afirma a empresária Juliana Lopes, mãe de dois adolescentes.
“Era algo valioso na minha época assim como o telefone fixo, era considerado rico ou muito bem de vida quem tivesse uma coleção dessa. Hoje uso como objeto de decoração da minha casa, não vou me desfazer, pois é parte da minha história”, completa a empresária.
Já Antônia Lopes, de 12 anos, afirma que não vê necessidade de consultar livros se encontra tudo que precisa na internet. "Minha mãe me incentiva a ler livros, mas não me vejo fazendo pesquisas em livros pesados. Além de demorado eles são complicados de carregar, é muito melhor pesquisar online".
ADAPTAÇÃO AOS NOVOS TEMPOS
Em 2012 após o anúncio do fim da versão impressa da Enciclopédia Britânica, a editora detentora da Barsa, afirmou que continuaria a publicar sua edição impressa, com expectativa de venda de 70 mil exemplares para aquele ano.
Apesar do mundo digital ser predominante nos dias de hoje, ainda é possível adquirir a coleção da Barsa. A editora responsável pela publicação, mantém a coleção a venda e atualizada. Diferente da época em que um vendedor ia até sua casa oferecer o produto, ele agora é encontrado em lojas virtuais nas versões Clássica e Luxo, ambas com 18 volumes de informação além de um site atualizado diariamente pela empresa detentora da enciclopédia.
A enciclopédia Barsa conseguiu algo que poucas fontes de ampla informação conseguiram ao longo de sua trajetória: Credibilidade. E isso mantém vivo o saudosismo na mente dos mais velhos, que em muito aprenderam com o conhecimento ali escrito por personagens intelectuais de extrema importância na história brasileira.
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