O astrobiólogo Kevin Hand, pesquisador da NASA e um dos responsáveis pela próxima missão à Europa, a sexta lua de Júpiter, afirma que tal corpo celeste é o lugar onde existe a maior possibilidade de ser encontrada vida além da Terra. Durante passagem recente pela Espanha para dar uma palestra na Fundação Ramón Areces, Hand detalhou em entrevista ao El País como a NASA pretende chegar ao satélite e inicar pesquisa sobre um profundo oceano que se esconde sob o gelo na lua de Júpiter. O cientista prevê que demoraremos aproximadamente 20 anos para encontrarmos vida no Sistema Solar.
"Se houver vida, por exemplo, no oceano de Europa, no de Encélado ou no de algum outro mundo de fora do Sistema Solar, nossa exploração robótica pode descobri-la nos próximos 20 anos", prevê. Hand acrescenta que há seis mundos com oceanos, talvez mais, mas enfatiza que na Europa as condições gerais favorecem a existência de vida com maior probabilidade. Segundo ele, um estudo recente sobre a composição e a dinâmica gravitacional de Plutão indica que talvez haja um oceano de água e amoníaco no planeta.
Existência de água e possibilidade de vida
"Plutão é fascinante no sentido de que talvez tenha água, elemento fundamental para a existência de vida, e talvez também tenha ainda nitrogênio e carbono. O que lhe falta, mas não à Europa, é interação entre a água e as rochas. A vida precisa de água líquida para existir, os tijolos básicos da vida e alguma forma de energia. Em Europa, pensamos que o oceano de 100 quilômetros de profundidade está em contato com um fundo rochoso. Isso significa que pode ter características comparáveis às que vemos na Terra, com fontes hidrotermais e os elementos e a energia necessários para que se sustente a vida. Em Plutão, não há muita rocha. Em Ganímedes ou em Calisto, há oceanos, mas provavelmente estão presos entre duas camadas de gelo diferentes. Apenas em Europa e Encélado acreditamos que haja contato entre água líquida e fundo rochoso, por isso priorizo essas duas luas para buscar uma segunda origem da vida", explica o pesquisados.
Expectativa quanto ao tipo
O cientista da NASA explica que tipo de vida extraterrestre poderia existir em Europa ou em outros mundos gelados no espaço sideral. "As missões que estamos estudando estão desenhadas para encontrar vida microscópica e compostos de carbono associados a ela. Outra das coisas que fazem Europa e Encélado tão interessantes é que podemos provar a hipótese sobre a origem da vida".
Cotidiano não vai mudar
Ele avalia que a confirmação da existência de vida alienígena não vai mudar a rotina cotidiana na Terra. "Provavelmente não vai mudar a maneira como você prepara o café da manhã ou fazer o seu caminho para o trabalho mais rápido, mas potencialmente deve revolucionaria a biologia. A física que conhecemos funciona além da Terra, a geologia, a física, a química, também, mas a biologia... ainda não sabemos."
Só há uma civilização capaz de se comunicar a cada 10 milhões de astros
Hand também não descarta também a possibilidades de encontrar vida em outras estrelas. "Acredito que é possível que detectemos um sinal extraterrestre nos próximos 20 anos. Quando olhamos para nossa capacidade de detectar sinais de rádio e ópticas de estrelas distantes, concluímos que em 2035 teremos examinado estrelas suficientes. Inclusive, em um cenário muito pessimista, em que só há uma civilização capaz de se comunicar a cada 10 milhões de astros, poderemos encontrá-la nesses 20 anos. Isso mudaria por completo nossa maneira de entender o Universo e nosso lugar nele."
Plumas de vapor
Há cerca de um mês, o telescópio espacial Hubble da NASA captou imagens da lua gelada Europa, de Júpiter. O Hubble detectou o que pode ser plumas de vapor de água em três das imagens (clique aqui e veja vídeo).
Conforme cientistas da NASA, a existência de plumas de vapor de água poderia propiciar a oportunidade de estudar as condições e habitabilidade do oceano subterrâneo do satélite natural Europa.
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