Desde que foi anunciada na última quinta-feira, a reforma do ensino médio é o assunto principal entre especialistas em educação, professores e estudantes. É fato que o ensino está em crise e precisa mudar - na região, um em cada 10 alunos não encerram ano letivo no ensino médio -, mas as medidas propostas suscitaram muita polêmica, crítica e incerteza. O apucaranense Maylon Coutinho dos Santos, de 16 anos, que está no segundo ano do ensino médio, por exemplo, questiona se as mudanças podem mudar seus planos.
“Acredito que vai comprometer o vestibular”, avalia o estudante, que sonha em fazer Engenharia Mecânica. O texto da Medida Provisória (MP) tem o prazo de 120 dias para ser aprovado pela Câmara dos Deputados e Senado para não perder a validade.
A data para entrar em vigor ainda não está definida. A MP segue cheia de indefinições, principalmente quanto ao currículo, que prevê como disciplinas obrigatórias somente Português, Matemática e Inglês. Filosofia, Sociologia, Artes e Educação Física, que foram retiradas num primeiro momento, serão analisadas pelo Base Nacional Comum Curricular (BNCC), mas seguem obrigatórias até a decisão final.
O estudante Gabriel Félix Araújo, 15, está no primeiro ano do ensino médio e também não esconde a preocupação com as mudanças que estão por vir.
“Caso tenha essas alterações, vai mudar bastante. Sem Filosofia seremos seres não pensantes, seremos domesticáveis”, analisa. Sobre o que poderia ser mudado para tornar mais interessante o ensino médio, o estudante, que pretende fazer Engenharia Mecatrônica, diz que depende muito de cada aluno. “Além de conteúdo, adquiri conhecimento para a vida”, afirma.
Já a estudante Talissa Ellen Ao Arte, 17, que está no terceiro ano do ensino médio, avalia que as disciplinas ofereceram suporte para enfrentar o vestibular. “
Quero fazer Letras e Inglês na UEM. Sinto que estou preparada”, diz. Na avaliação do diretor do Colégio Estadual Professor Izidoro Luiz Cerávolo, Diego Fávaro Soares, a reforma do ensino médio é preocupante. “Vejo com preocupação, porque há um empobrecimento das ciências humanas e, consequentemente, da formação do cidadão. É uma educação que visa apenas o mercado de trabalho”, argumenta. Soares, que é formado em História, comenta que a proposta também é antidemocrática.
“Infelizmente, quem discute a educação não são os especialistas em Educação. Quem discute são os políticos, que colocam de forma arbitrária suas propostas”, diz.
Sobre a possibilidade de um melhor rendimento dos alunos nesta fase, o diretor avalia que não basta apenas aumentar a carga horário, de 800 para 1400 horas/aulas, é preciso investir em recursos didáticos. “Hoje, o recurso que recebemos é basicamente para manutenção, não é para investimento pedagógico”, afirma.
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