Após a equipe do Jornal da Manhã tomar conhecimento do anúncio nas redes sociais sobre a venda em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais, no Paraná, de diplomas e históricos escolares falsos, o perfil de um suposto homem foi adicionado, e uma proposta foi enviada. “Nós emitimos diplomas e históricos com registro no Ministério da Educação (MEC). Você envia os dados e nós fazemos o seu registro. Serve para faculdade, concurso ou trabalho. O valor é de R$ 550”.
A situação foi registrada em uma famosa página no Facebook destinada para a venda ou troca de produtos. Por medida de segurança e para não estimular a prática, o nome utilizado no perfil não foi divulgado.Durante a conversa que não durou mais do que dez minutos através da internet, foi possível entender a logísticas de entrega e o tempo de espera pelos documentos. “Você recebe o diploma e o histórico de três a cinco dias nos Correios por Sedex a cobrar.
O pagamento só ocorre quando pegar o material”, explica o homem.Para não levantar suspeita, repórteres se identificaram como uma equipe de reportagem, questionamos o vendedor se o procedimento para conseguir os registros era legal. Para nossa surpresa, a resposta – um tanto irônica – foi dada sem titubear. “Por baixo dos panos. Não adianta eu falar que é totalmente legal, pois não é. Eu trabalho no MEC”, comentou.
Entre os dados solicitados para a obtenção dos títulos estavam apenas nome completo, data de nascimento, Registro Geral (RG), cidade natal, nome dos pais e endereço completo com CEP.Por ser tratar do comércio de históricos escolares do Ensino Médio, o Núcleo Regional de Educação de Ponta Grossa foi procurado. A chefe do Núcleo, Maria Isabel Vieira, ficou espantada ao receber a informação.
“Tem que denunciar. Só escolas autorizadas podem emitir esses documentos. Isso não existe”, disse. Ainda de acordo com ela, o órgão vai abrir uma investigação e também levará o caso ao conhecimento das autoridades policiais.
CÓDIGO PENAL - Falsificação é considerada crimeApesar da facilidade, o que muitas pessoas que optam por essa prática precisam estar cientes é de que a compra de diploma ou histórico escolar falso é crime. Ambos são documentos públicos, assim como a carteira de identidade ou a carteira de habilitação, e portar um documento dessa espécie configura como crime de falsidade ideológica. De acordo com o artigo 297 do Código penal, falsificar, no todo ou em parte, documento público ou alterar documento verdadeiro é crime e o infrator está sujeito a reclusão que pode variar de dois a seis anos e multa.O QUÊ
RESPOSTA DO MEC - Procurado, o Ministério da Educação (MEC), por meio de sua assessoria de imprensa, emitiu uma nota em que destaca que o órgão não registra diplomas de Ensino Médio, o que já configuraria uma fraude. “Isso é atribuição das secretarias da educação de cada Estado”, diz o texto. O material lembra ainda que a venda de diplomas é crime, e que denúncias desse tipo, ao serem recebidas pelo MEC, são direcionadas ao Ministério Público.
Fonte: Jornal da Manhã/aRede.info
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