Em São Paulo, prédios abandonados que serviam de abrigo e esconderijo para usuários de droga estão sendo demolidos. Seis deles foram demolidos com a ajuda de máquinas. A prefeitura afirma que os imóveis estavam condenados. É mais uma etapa da operação que pretende acabar com a Cracolândia. Mas, sem tratamento, muitos viciados continuam usando drogas em outras ruas, e esse é um problema que invadiu as grandes cidades do país.
Os lugares onde muitos usuários de crack viviam não existem mais. Seis imóveis na região da Cracolândia paulista foram demolidos. As casas invadidas eram usadas por dezenas, às vezes centenas de dependentes químicos. “Era cheio. Deviam ter umas 300 pessoas. É perigoso, com certeza”, diz um senhor.
“Pelo tempo que eu estou aqui, eu acho que não adiantaria se não tivesse demolição. Eles iriam voltar, com certeza”, acredita o autônomo Cícero Barbosa da Silva.
A Prefeitura de São Paulo diz que a demolição foi necessária porque os imóveis estavam condenados, mas ainda não sabe informar o que será feito nos terrenos. O Ministério Público estadual questiona a ação.
A preocupação do Ministério Público é com o destino desses terrenos na área central de São Paulo. O procurador que investiga as demolições teme especulação imobiliária.
“Não temos nada contra o lucro privado, mas nós queremos benefícios públicos para a população mais necessitada. Queremos que os lucros recorrentes dessas incorporações tenham também uma destinação social de modo a que essas pessoas também vivam com dignidade na zona central da cidade e não sejam expulsas para as margens da cidade, como historicamente a gente vê acontecendo”, afirma o promotor Maurício Ribeiro Lopes.
As Cracolândias se espalham também por outras cidades. No Distrito Federal, já foram identificados 12 pontos de consumo de droga espalhados pelo Plano Piloto, Centro de Brasília, e cidades vizinhas.
O problema se repete no Rio de Janeiro. Grupos de dependentes podem ser vistos na Favela do Jacarezinho e em Manguinhos. Desde o ano passado, um programa tenta tirar os usuários das ruas e encaminhá-los para tratamento.
Em São Paulo, a operação Polícia l, criada para acabar com a Cracolândia, começou há três semanas e dispersou os usuários – o que não significa que o problema foi resolvido. Muitos dependentes migraram para outras regiões da cidade.
Mesmo debaixo de forte chuva, há pessoas fumando crack. Um grupo escolheu uma marquise na famosa Avenida São João para consumir a droga.
Procurada para falar sobre o destino dos terrenos dos imóveis demolidos, a prefeitura informou, por meio de nota, que a ação foi realizada em total acordo com a legislação e de forma transparente. Também afirma que vai colaborar integralmente com o Ministério Público. E o promotor disse que vai pedir às autoridades os nomes das pessoas retiradas da Cracolândia e encaminhadas para tratamento.
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