Quarenta funcionários e uma produção de 33 mil refeições por mês, totalizando sete toneladas de comida. Com esses números, a cozinha do Hospital da Providência de Apucarana passa na frente da maioria dos restaurantes da cidade. Servir refeições diversas a pacientes, acompanhantes e funcionários e desmistificar a má fama que acompanha a comida de hospital estão entre os desafios enfrentados diariamente pela equipe.
Para dar conta do recado, são quatro nutricionistas, cinco cozinheiras e auxiliares totalizando quarenta funcionários neste setor. Por dia, segundo a coordenadora de Nutrição do hospital, Helen Silva, são consumidos 200 quilos de alimentos, divididos entre café da manhã, almoço, lanche da tarde, janta e ceia, tudo preparado com bastante tempero. Há tempos o cardápio superou a famosa sopinha de hospital.
Não que os caldos não façam parte do cardápio, que inclui arroz, linguiça toscana, farofa, rondeli, fricassé, estrogonofe, bife a rolê e até a polêmica feijoada, em versão magrinha, claro. “Antes a comida era preparada com pouco tempero. Porém, depois que o papel da nutricionista se tornou mais forte, essa história mudou um pouco”, reforça Helen. Ela explica que tudo é produzido conforme as necessidades de cada paciente.
“A gente consegue identificar e preparar os pratos de acordo com a necessidade clínica e nutricional do paciente. Tem pessoas que estão internadas por problemas simples, não há nenhum problema eles comerem feijoada ou lasanha”, ressalta. A cozinha do hospital é dividida por ilhas. Em uma delas, são preparadas as refeições gerais, ou seja, para pessoas que não precisam de cuidados nutricionais e clínicos.
Pacientes de UTI e restrições
Já na outra ilha, as refeições para pacientes da UTI ou com restrições devido a alguns problemas de saúde mais graves. “Somos uma equipe feita apenas por mulheres e somos bastante unidas. Tudo é feio com amor e carinho”, ressalta. O sal, por exemplo, segundo a nutricionista, em qualquer das refeições é sempre controlado.
“Apesar de pouco sal é tudo bem temperado”. Além disso, nas épocas festivas, como Páscoa e Natal, são servidos sorvetes, bolos especiais de chocolates, bolachas decoradas, para tornar o momento menos triste. “Tudo isso é feito também na pediatria”. Além de receber algumas doações, o hospital conta também com uma padaria, onde são produzidos salgados, pudins, pavês, bolos, roscas doces, fatias húngaras e pães. A instituição também conta com os alimentos cultivados na chácara das freiras do hospital. A nutricionista também derruba outro mito relacionado à alimentação do pós-operatório, que a carne de porco, peixe e o ovo, não podem ser servidos.
Importância da preparação
“Eles não fazem mal, pelo contrário. Tudo vai depender da preparação, assim como a preparação do ovo e do peixe. Nenhuma comida pode crua ou frita, pois prejudica o processo de cicatrização, inflamando os tecidos”, reforça. O paciente, o segurança aposentado Arvelindo Santo Avelar, 66 anos, de Apucarana, virou fã das roscas e dos pães feitos no hospital.
Por causa da quimioterapia para tratar um câncer no pulmão, ele não andava comendo nos últimos dias. “Em casa eu não como, mas aqui é tudo muito gostoso. Adorei o pãozinho, quero até levar quando for embora”, brinca.
Alimentação integra ações terapêuticasDe acordo com a nutricionista coordenadora do Serviço de Nutrição e Dietética, Hellen Silva além da atenção com o cardápio geral, também é feito atendimento individualizado para pacientes que precisam de avaliação nutricional e cuidados médicos. O alimento, explica ela, é parte importante na recuperação dos pacientes.“A terapia nutricional é bastante integrada com o tratamento clínico realizado pelo médico. Em média, realizamos cerca de 200 avaliações por mês e acompanhamos o paciente até o momento que ele recebe alta”, explica.
Terapia relevante
A terapia nutricional é tão relevante para a recuperação da saúde que em alguns casos a mudança na alimentação pode reduzir sérias complicações. Um exemplo são as lesões por pressão, ocasionadas principalmente em pacientes acamados com dificuldade de mudar de posição e que em 70% dos casos podem ser prevenidas através da alimentação.
“Há pacientes que chegaram ao hospital apresentando lesões por pressão e a partir da dieta adequada conseguimos a melhora do seu quadro clínico”, afirma.Segundo Hellen, há casos em que o paciente deixa de se alimentar, o que pode prejudicar seu processo de recuperação. Nestes casos, o acompanhamento é fundamental.
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