Crises Econômicas e a Retomada de Planejamentos

Da Redação ·
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Partindo da superação da crise de 2008, estávamos acostumados a pensar sempre em grandes ciclos de crescimento, mas, porque o crescimento não estava se propagando? Será que estávamos com as condições necessárias dadas para isso? Havia um planejamento de longo prazo, em conjunto com a sociedade, em suas diversas esferas nesse sentido? Verifica-se nos países subdesenvolvidos uma grande necessidade de emparelharem seu processo de crescimento e desenvolvimento junto aos países desenvolvidos, até para poderem tratar do comércio internacional sem grandes desnivelamentos. E, por que o processo de economia externa é tão importante dentro desse contexto? Porque em momentos de forte crise, as relações econômicas e políticas entre economias, ou nações tende a passar por fortes ajustes e, muito depende de como cada economia lida com a crise e seu planejamento de longo prazo.

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Tratamos as economias externas como importantes bônus para o crescimento nacional e regional. Esse foco, na década de 1950, com o plano Marshall de recuperação econômica, foi muito importante para elevar a integração externa e o crescimento das nações. Havia, no entanto, um consenso de que as nações menos desenvolvidas deveriam integrar-se às mais desenvolvidas para emparelharem seus padrões de crescimento. O processo de integração passou a exigir dos países subdesenvolvidos um arranque no seu processo de crescimento e desenvolvimento – fundados em planejamentos integrados de todos os setores – porque os países menos desenvolvidos precisavam se aproximar das economias desenvolvidas e, com isso, entre muitas outras ações, estradas de terra passaram a ganhar asfalto ainda que para o volume de circulação fosse necessário apenas uma estrada de terra.

De novo, no pensamento, está presente a crise no país e no mundo. O que o mundo precisa acreditar, contudo, é que superando as adversidades sanitárias do Covid-19, tem-se a possibilidade de retornar ao crescimento, que pode ser exemplar como aquele do pós-década de 50. O que nós estamos vendo recentemente, todavia, são o empobrecimento das empresas – com a redução de seus capitais empenhados nas bolsas –, o estancamento de suas atividades produtivas e a redução da renda de todos os trabalhadores. A consequência de tudo isso é a de que temos em 2020 um cenário que poderá impactar e comprometer seriamente os próximos 3 a 5 anos.

Este é o cenário da crise onde o PIB do país tende a se reduzir a zero; as taxas de juros tendem a se reduzir para compensar a queda nos investimentos; o consumo tende a se reduzir fortemente porque a taxa de salários está em queda; a inflação tende à sua estabilidade, embora possa sofrer alguns soluços de alta e de baixa em função da crise, por descompasso no abastecimento, mas os preços tendem à normalidade em função da retração da renda geral. As taxas de investimentos que já estavam estacionadas pelas políticas de retração, tendem a se contrair ainda mais, é a crise que estacionou no colo de todos.

Passados 90 dias de severa crise – que teima em manter as empresas no limo do fundo poço – o planejamento precisa ressurgir com força e mudar o drive das políticas restritivas para políticas indutivas, sem se esquecer da proteção salarial e encampar a responsabilidade de reorganizar a atividade produtiva. O planejamento precisa envolver todos os setores para, em primeiro plano, recuperar a atividade produtiva, voltando aos patamares anteriores da crise e, em seguida destravar e ampliar investimentos que ficaram parados no período de crise. Essa é a grande missão do planejamento macroeconômico, regional e local, para a recuperação do Produto Interno Bruto e da renda das famílias passados o período de crise.

O crescimento poderá vir, mas não na velocidade que se esperava. O olhar do crescimento terá que se direcionar para a distribuição da renda, não basta somente crescer, mas é preciso aprimorar a divisão do bolo, para não se cair na armadilha da década perdida dos anos 80. As empresas tendem a passar por fortes rearranjos nos seus modelos de produção, o consumo das famílias tende a passar por severa verificação de não desperdícios – aquilo que sobra para alguém pode faltar para outro. –
No campo da evolução política, fortes ajustes internacionais poderão ocorrer, é possível que ao final da crise econômica, algumas nações saiam com maior poder de mando que outras e tenha-se novas realidades. Poderão ocorrer alguns processos de união ao longo do caminho para debelar a crise, bem como poderão ocorrer fortes obstruções e rupturas, que separam grandes áreas produtivas de grandes áreas de consumo. A política interna das nações – com seus embates – pode impactar fortemente no processo de reorganização de todo sistema produtivo. Como a crise é mundial, pode aparecer pouca gente com muito e muita gente sem nada e isso tende a ser a senha para novas estruturas e novos rearranjos. Um despertar para uma nova realidade de produção e consumo.

A taxa de mortalidade pode ser maior nos países que não estão preparados ao enfrentamento do Covid-19, ou que reúnam menores condições financeiras e de aporte aos cuidados necessários de prevenção. O desgaste emocional e físico está presente principalmente nas áreas mais afetadas; mas manter o controle sobre o número de contagiados é importante para debelar a crise. Ao lado disso, o sofrimento com a pandemia pode alterar a forma de pensar e de encarar novas regras sanitárias com novos padrões e novos investimentos nos setores de ciência e saúde. É necessário manter a calma e a serenidade diante das indicações científicas e de saúde, o que parece ser o melhor caminho para o enfrentamento da pandemia.

Passado o período de crise, algumas regiões melhor preparadas passarão a ganhar aporte de investimentos empresariais à frente de outras. Os governos regionais poderão enfrentar fortes migrações e precisam trabalhar a interiorização dos investimentos, para que as ilhas de pobreza não se proliferem. A educação precisa receber maiores aportes de investimentos, como uma forma de levar o processo de desenvolvimento dos grandes centros para o interior; a saúde pode acordar com novos protocolos de ações e de integração regional e de preferência diante das políticas governamentais. Tudo isso é um conjunto que vai sofrer forte impacto de uma pandemia que mexe com a vida de todos, que vai impactar no processo de emprego, na criação, geração e detenção da renda e, nos hábitos e consumo das famílias. Vai impactar na competitividade das economias em relação ao mundo externo, tem-se que desenvolver novas formas criativas de investimentos, tudo para que a vida – com planejamento no longo prazo – possa voltar à normalidade com recursos presentes em todos os campos da sociedade.